domingo, 31 de outubro de 2010

se isolar numa bolha.


- conclusões de algumas das minhas próprias experiências.

viver em sociedade não é fácil, mas é algo que se deve aprender. caso contrário o sujeito não passa de um ser às margens dela por vários motivos - por ser realmente marginal, por ser anti-social ou pelo simples fato de ser diferente. o primeiro passo para que aprendamos como conviver em sociedade é deixarmos de pensar demasiadamente nas atitudes das pessoas, no que elas têm a dizer, na opinião delas, ou no que, provido delas, nos incomoda, de forma geral. às vezes é preciso ignorar, e isso pode nos fazer muito bem, mesmo que não seja um exercício mental dos mais fáceis. as pessoas que pensam demais tendem a ser sozinhas e desenvolvem surtos psicóticos, já que nesses fatores muitas vezes involuntários, acabam se tornando extremamente anti-sociais, distantes e tudo as incomoda e se torna problema, quando na verdade deveriam ter ciência de que problemas foram feitos para serem resolvidos, e não cultivados.

a tendência quando se analisa demais as pessoas é acabar se isolando em uma espécie de bolha. a bolha pode ser o próprio cérebro, a própria mentalidade, os princípios ou mesmo o próprio lar. parte do aspecto mental para o aspecto físico, ou vice-versa. aquele que se isola, o faz em pensamentos, por querer essa ''distância de gente'' e em consequência disso, acaba ficando recluso fisicamente. evita contato humano de uma forma quase geral. tem dificuldades de relacionamento, não consegue manter amizades, não consegue entender ninguém, nem a si mesmo. esse isolamento, por mais que seja por vontade própria, resulta numa grande solidão e por consequência acaba trazendo ainda mais pensamentos, muitas vezes sem nexo e desnecessários. a própria pessoa jamais reconhece isso, criando um masoquismo mental imenso e deixando de lado as oportunidades de ter momentos descontraídos dos quais não seriam tão torturantes quanto pensa. a questão é apenas ter vontade de mudar, experimentar coisas novas, e procurar atrair experiências agradáveis ao lado de outras pessoas, o que não é tão ruim assim, desde que se saiba conviver com cautela e não depositar muita confiança ou esperar demais dos outros. por mais que as relações com outras pessoas tendam a ser superficiais, é preciso saber contornar esse fator para que se possa levar a convivência de forma tranquila, sem atritos ou grandes choques de idéias.

no futuro esses fatores de isolamento podem ser muito prejudiciais, causando desentendimentos no trabalho, e fazendo com que o indivíduo tenha grandes dificuldades de se inserir e se manter no mesmo. afinal, nenhum empregador contrata pessoas antipáticas, anti-sociais, que possam não se relacionar muito bem com os colegas de trabalho ou que não saibam conversar com seus clientes. para aquele que não consegue sequer manter amizades ou demais relações por ter a mania de complicar tudo, ter um emprego e uma carreira significa ter uma enorme dificuldade em aprender a se relacionar com pessoas, por mais que deteste ter que fazer esse esforço. então, quando o indivíduo chega à fase adulta, esse exercício se torna ainda mais sofrido, pelo choque de transição entre a bolha e o meio social, e por precisar entender que estourar a bolha e sair de dentro dela é uma necessidade, e não um sacrifício.

Fragmentos de um sonho 16/03

postado por Luana Melo.

Ela sabia que antes daquele gesto acanhado, ele a consumira inteira com o olhar. Fazia questão em mexer os cabelos e mostrar-se tão pouco interessada. O relógio acusava o atraso. Cinco minutos era o suficiente para quebrar todo um clico de rotina. Mas valeria a pena, até então o dito cujo não possuira um nome e ela não inquietaria até descobrir.
Faria então, tudo de forma planejada: seria reciproco a troca de olhares, deixaria cair algo ao lado o que consequentemente os levaria a uma sucessão de fatos óbvios: o agradecimento por ter em mãos o objeto caído acidentalmente, logo a mão vazia estendida para uma apresentação. Tudo monstruosamente e femininamente bolado. Sei que ele entendera o sinal, por isso apanhou o objeto milésimos após o acontecimento.
Voltando à mão vazia estendida: apresentações feitas. O relógio apitava e acusava novamente o atraso, mas não importava. Ainda não conseguira o que queria. Ele fazia questão em não falar o nome. Fora uma apresentação feita a olhares, um oi e um aperto de mão. Ambas suadas e trêmulas.
O convite ao café logo fora feito e obviamente aceito. Ela não parava de olhar ao relógio e ele nos seus olhos. Era tudo estranho: duas pessoas que jamais se viram sentadas em um café sem trocar uma palavra em mais de 10 minutos. Apenas a vontade de estar lá permanecia. Até que a frase sai. A primeiríssima, vinda dele, após as apresentações feitas por olhares:

- Eu tenho sentido você em mim e eu nem ao menos a conheço.

Tudo então se encaixara. O porque da permanência dela ali, sentada, tão pouco preocupada com o horário. Era ele a ânsia que a consumira e a indicava o lugar todos os dias. Algo fora do padrão de qualquer entendimento racional. Entendera então o porquê da sucessão de fatos estranhos ocorridos desde que saíra de casa: o ônibus atrasado, a enorme fila do banco. Antigamente era tudo devidamente cronometrado. E hoje ele quebrara isso.

- Se sou o que tens dentro de ti, por que não me disse seu nome até agora?

Um gole na xícara de café e a resposta:

- Como diria algo que não sei? O que sei é o que lhe disse, minha cara: eu sinto você comigo, mas não a conheço. Esperava alguma resposta sua.

E novamente o relógio apitara. Meia hora de atraso, estava tudo tão confuso. A rotina quebrada e um maluco em sua frente. Um maluco incrivelmente fascinante. O nome, uma incógnita. O porquê de sua estadia ali, o motivo para sua insistência em perguntar seu nome.

- Vamos, diga-me! Todos nós temos um nome! Não me venha com frases feitas achando que irá me convencer.. Um nome é tudo o que lhe peço!

Não queria demonstrar-se ansiosa. No seu conceito era sinônimo claro de fraqueza.

-Ora bolas, para quê um nome! Estou aqui a entender o porquê de tê-la em mim e queres um nome? Eu esperava que me dissesse isso!

45 minutos no relógio e ela começou a balançar as pernas. Sinal de ansiedade! Ele percebera, suspirou e disse:

- O que sei é que sou o que faz de você ser o que é.

Ela sentiu todos os seus sentidos àquela hora. Nunca esteve tão viva. Sentido-se assim, disse:

- Mas até agora não sei o seu nome. E como você poderia ser algo que me faz ser o que sou?

Inquieto, ele disse:

- Sou o porquê de sua eterna busca a algo inexistente. A sua inspiração. Perdi-me dentro de você e se tenho nome ou não, já não sei mais.

Ela sentira a garganta seca, e quando deu o primeiro gole no café, viu-se sozinha na mesa. Tremeu-se de ansiedade.

De repente tudo desaparecera e ela viasse acordada ali: na sua cama com os lençóis desarrumados e o relógio acusando o atraso. Era um sonho.Olhou para mesinha ao lado e vira a xicara de café, os livros e o trabalho que levara para a casa. Mas não vira ninguém ao lado da cama, o que acusava de vez o sonho. Levantou-se, foi ao banheiro, lavou o rosto e sentia aquela ansiedade novamente.




Seu nome era saudade: o sentimento sem nome, inexistente, misterioso e persistente.

From the broken expectations

Postado por: Caroline M. Rosemburg



"A expectativa é proporcional à decepção"
Geadilson Bezerra



Meu dia "D" acabou se tornando o dia "F", de me f***. Fiz o que não devia: criei expectativas. É complicado entender porque que nós crescemos mas nunca aprendemos; sempre após uma decepção nós tentamos nos convencer de que nunca mais criaremos expectativas sobre nada, afinal, quem não espera não tem o que perder, mas o fato é que nossa condição humana está sempre nos obrigando a agir como burros; é exatamente o que eu disse em algum post anterior, que é essa droga de esperança que nos faz sempre hotimistas em relação as coisas, o que inevitavelmente sempre acaba por nos machucar hora ou outra, ou no meu caso, em 99% das situações.

É inevitável que eu me abale nesse tipo de situação. Eu choro, me descontrolo, grito, me isolo, mas por sorte estou sempre rodeada de pessoas incríveis, e é isso que sempre me dá força para ligar o botão de "fuck off" para todo o resto, e apenas dedicar-me em ser merecedora de sua companhia. Assim como toda depressão-pós-decepção, a de ontem também foi curada do mesmo modo das demais: surtei ao som da banda contravenção; gritei e pulei como nunca, expulsei todos meus demônios e abracei a vida novamente. O que dizer? Depressão e heavy metal não ocupam o mesmo espaço !

"Esses amores fugazes são deliciosos porque carecem de expectativa. Não têm passado nem futuro. A expectativa destrói muitas coisas. Mas aprender a evitá-la é uma arte"
Pedro Juan Gutiérrez, em “Trilogia Suja de Havana”

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

The wait

Postado por: Caroline M. Rosemburg

Há cerca de uma semana que venho experimentando aquela sensação de frio na barriga que há muito não sentia; aquela estreita relação entre ansiedade e expectativa que a espera por coisas que consideramos importantes nos gera.
Nem me lembro qual foi a última vez em que um dia de sábado foi para mim o dia "D", em que eu tivesse a chance de resolver algo que ainda estivesse em aberto, como fora uma terça-feira do mês de Abril em que tive essa mesma sensação. O fato é que o dia de amanhã amanhã é exatamente um desses dias; aquele dia pelo qual você espera tão ansiosamente que dormir torna-se apenas uma possibilidade.

Nos últimos tempos tenho sofrido com dúvidas terríveis que andam me tirando o sono e pondo em risco minha lucidez; sempre tive essa dificuldade demasiada em conseguir fazer escolhas, principalmente quando essas escolhas podem inferir de modo absurdo na sua realidade, mudando-a por completo. O significado da palavra mudança sempre me causa um receio gigantesco; tenho em mim o hábito de me estagnar, não por falta de ambições, mas sim por receio, receio das transformações e de suas consequências em nossas vidas, e bom, é implícito no ato de escolher essa consequência; por mais medíocre que essa escolha seja, sempre haverá algo que deixará de ser o que era para se adequar à essa nova realidade, e bom, isso me apavora.

Nesse exato momento estou com a cabeça a mil, pensando em tudo, almejando ter o talento de prever o futuro para não ter que me deparar com nenhuma surpresa desagradável amanhã, mas bem, como esse dom não está disponível no cardápio tudo que me resta é tomar um calmante e tentar, ainda que hipoteticamente, criar o mínimo de expectativas possíveis, na intenção de evitar qualquer grande decepção.

No mais, arrumarei algo para fazer, porque como disse anteriormente, dormir é nada mais que uma realidade distante no momento.

Desde a busca ao conceito sobre "pragmatismo" até a questão: e quando eu começar a lidar com as pessoas?

Postado por Luana Melo

"E quando eu precisar lidar com as pessoas?"
Essa é a pergunta que começou a martelar na cabeça desde o início da semana, mas que só agora eu realmente tive a vontade em escrever ou então pensar algo mais afundo sobre.

Hoje o meu dia começou às 11 horas da manhã. Não que eu tenha acordado neste horário... Bem, de fato, acordei, mas estava acesa desde às 6 horas da manhã (horário que acordo para ir ao colégio) e fiquei na cama de pulando de sonho em sonho até acordar com o barulho do meu ventilador indo ao chão e quase explodindo depois de ter me ventilado a noite inteira. Não fui à aula pela manhã pois estou com uma infecçãozinha chata na garganta que começara na noite passada. Fiquei meio febril mas, ok, eu tinha alguns afazeres e logo depois fui para a escola com o intuito de apenas fazer a prova de história e ir embora, pois cancelaram as nossas duas últimas maravilhosas aulas: sociologia e filosofia. Como de costume, levei o computador para poder conectar-me a internet durante um intervalo de tempo e outro e evitar ao máximo qualquer relação com as pessoas de lá. Eu geralmente não me dou muito bem com elas e qualquer tipo de assunto que puxam comigo eu acabo me frustrando e achando tudo muito chato. Poucas são as pessoas como a própria Carol que me fazem uma boa companhia. Enfim, depois da minha avaliação de história, sentei-me no pátio da escola e comecei a navegar pela internet. Até que em um tempo tudo ficara muito sem graça e vi a professora de filosofia indo à sala do segundo ano que estava ao meu lado, para dar a aula que infelizmente nossa sala não teria. Pois bem, depois do início pedi para que pudesse assistir também e fiquei lá até o momento de ir embora.

Finalizando a aula, saí na rua e durante essa caminhada inteira observava todas as pessoas e suas atitudes ao meu redor. Tive uma tarde muito produtiva e minha cabeça estava em êxtase de tantos pensamentos aleatórios relacionados a filosofia. Olhava para elas e pensava “o que será que estão pensando?” “por que estão com tanta pressa, e por que não se importam em fazer todas as coisas de uma forma mais calma e sem toda essa frustração?” Elas são todas apáticas, nervosas, apressadas, preocupadas. Os homens e seus insaciáveis desejos sexuais que não podem ver uma garota na rua e começam com aqueles olhares devoradores. Sinto-me ruim quando passo por uma sensação dessas, é algo estressante. Esses pensamentos deixaram minha cabeça ao ponto de explodir e o sol na cara piorava ainda mais o meu estado febril que até agora está me irritando. Nessa tarde eu saí do colégio carregando um livro a mais em minhas mãos. Chama-se Pragmatismo e Ciências Sociais (assunto iniciado na aula que assisti do segundo ano) de Márcio Pizzaro Noronha. Iniciei a introdução em uma lanchonete e enquanto esperava pelo o meu pedido, lia alguns fragmentos. Entre fragmento e outro eu era interrompida pela a garçonete que tinha uma expressão de frustração e de toda aquela vontade em querer me agradar com a velha pergunta “Você deseja mais alguma coisa?”. Juro que em um momento quase deixei a lanchonete, pois a vi tão frustrada e tão preocupada que não queria dar um certo “trabalho” para alguém. Mas permaneci sentada esperando o meu lanche chegar, mesmo tendo a vontade em dizer a ela “deixe que pego o meu lanche”.

Voltando ao livro, já ouvi falar muito sobre filósofos pragmáticos, mas nunca parei para analisar o real sentido da palavra. O filósofo que tivemos como referência na aula fora Richard Rorty onde recebemos parte de um ensaio escrito pelo o próprio chamado “Pragmatismo e romanticismo” escrito por ele logo no seu último ano de vida. Fora citados vários assuntos e nomes que eu tinha lido uma vez naquele livro em que postei aqui sobre “Aprender a viver” de Luc Ferry e em vários momentos da aula tive a vontade de ler fragmentos dele e fazer uma relação com a que a professora dizia. Mas, estava em um “ambiente” desconhecido, e todas as pessoas ali ao redor (algumas tomando refrigerante e com fones de ouvidos) pouco se importavam com o que estava sendo apresentado. Então resolvi me conter. Coisa que raramente consigo. A introdução do livro é bem bacana, gostei da atitude dele em dizer que pouco se importa se o acharem liberalista demais ou não. Gosto de escritores assim: que não prendem-se a padrão algum de moral e escrevem aquilo que, como aquela expressão diz, “dá na telha”. Mas esse é só o inicio, o meu intuito mesmo é saber o real significado da palavra “pragmatismo”.

Deixando de lado um pouco este assunto e falando sobre o que escrevi logo no inicio, e o que está explicito no título, durante toda essa semana eu parei muito para observar tudo ao meu redor. Isso é algo que eu já faço bastante. Por muitas vezes estava no meio de um grupo de pessoas e acabei deparando-me com os olhos fixos em alguém ou a algo e só dava-me conta no momento em que alguém me cutucasse e perguntasse o que eu estava olhando. Isso é engraçado e me rende boas gargalhadas. Mas o fato é que, especificamente essa semana eu pude analisar mais as pessoas da cidade onde moro. E tudo isso devo ao espaço de trabalho da minha mãe onde se encontra um aglomerado de pessoas diferentes. São típicos os grupos de pessoas que lá aparecem: a avó e o neto no colo acompanhado da mãe e do marido. A avó sempre com a expressão de desgaste por carregar a criança e palpitando a todo momento nas escolhas de compra da filha e de seu respectivo esposo. Falam demais, pensam demais, esquecem dos bons modos e exigem o que querem.
Isso me irritara muito e me fizera pensar se eu conseguiria ou não lidar com as divergências existentes nas pessoas. É um trabalho difícil, é algo que estou aprendendo diariamente, e fico me perguntando se saberei não me frustrar tanto quando eu precisar meter a minha cara no mundo e deixar para trás a minha bolha particular: meu mundo, as minhas vontades, a minha casa, o meu quarto, os lugares onde guardo todos os meus pensamentos e vontades. Onde deixo os explodir a hora que querem o momento que precisam. São poucas as relações interpessoais que tenho, e quase todas são destinadas a minha família. Então qualquer tipo de relação fora deste ambiente familiar, acaba me rendendo muita frustração e muitas dúvidas. Vejo que coisas que são relevantes a mim não são tão relevantes a eles, essas pessoas que me rodam, e sei também que tampouco fará diferença o que penso ou o que deixo de pensar. Pois cada um, cada indivíduo tem o seu ‘mundo malvado’ assim como diz Márcio na introdução do livro: “para que o mundo imaginado exista, é necessário que os outros mundos desapareçam.

Pois bem. Acho que o que preciso agora é um bom remédio e um pouco de descanso depois de pensar tanto uma tarde inteira.

Texto cheio de buracos e assuntos diferentes. Ehm. E é exatamente assim, não sei exatamente desde quando, que a minha mente está. Mas, confesso que adoro toda essa minha confusão como já dito tantas vezes por aqui.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

22:40

postado por Luana Melo.

Ela sabia que o momento exato em que entrara naquela sala, sua vida jamais voltaria a ser a mesma. Não que ela necessariamente precisasse de um porquê para estar ali. Mas ela não teria em momento algum entravessado em tal porta se não houvesse algo para direcioná-la. Algum argumento ela teria, com certeza. Ana não era acostumada a errar tanto assim mesmo que isso contradisesse tudo o que é ser de fato, um ser humano.

No início era exatamente tudo aquilo o que planejava. Tinha mania em organizar as coisas, organizar os horários, tudo era conometrado. Tinha as suas manias um tanto quanto estranhas mas adorava tudo aquilo. Era o seu maior orgulho, o seu maior mérito ser o contrário de tudo aquilo o que era considerado normal. Não que ela forçasse a ser isso, ela simplesmente era. E o fato de ser já diz bastante, não?

Era simples e sutil. A rotina cronometrada e toda a sua mania de organização por muitas vezes afetara suas relações. Não apenas as inter-pessoais, digo também as relações internas. Não há quem consiga organizar as idéias na cabeça. E ela queria isso por demasia. E sabia que não conseguiria. E senti raiva, sentia-se em um completo fora de equilibro que, mais uma vez, contradizia o seu querer.

Voltando à sala. Paredes brancas, pinturas aleatórias, pessoas apáticas. Onde estaria, onde estaria a o tal motivo? Sim, porque há um. Ela não gostava de se perder por aí. Gostava de um rumo, de uma certa, de uma flecha e um alvo. Mas, naquele instante, tudo, exatamente tudo não tinha um motivo. Um alvo. Nem ao menos uma flecha para lançar. Sem a flecha, o alvo não existe. E sem o alvo, a flecha não possui um alvo. E é um eterno ciclo de dependência.

O motivo não aparecera. Pessoas saíam, voltavam, entravam, bebiam água e sentavam-se nos mesmo lugares. Cadeiras sujas, objetos espalhados pela a sala, um teto de vidro, um cachorro ao lado. Tudo, exatamente tudo era uma anarquia completa. Não havia um motivo para aquilo. Não havia. Mas com certeza o motivo por estar ali, existira. E existe. E existiu, e poderá vir a existir.

Se você ao menos acreditar.


E enfim, acordara. Era um sonho. E tudo deixara de existir.

Another dream to collect

Postado por: Caroline M. Rosemburg



"Ela chegou na escola, e ele veio em sua direção, e sem mesmo cumprimentá-lo ela já o abraçou fortemente, deslizando suas mãos por aquelas costas firmes e delgadas; Ele retribuiu, juntando ainda mais seus corpos, fazendo-a estremecer involuntariamente. Separaram-se repentinamente e cada um seguiu sua direção; segundos depois lá estavam novamente, percorrendo o pátio, e a nostalgia daquele toque atingiu-os como um flecha e quando se deram conta já estavam trocando outro caloroso abraço; ele a apertou como nunca, fazendo seus pés se levantarem do chão; ela podia sentir a textura de seus cabelos escuros sobre seu rosto, e o perfume masculino e marcante que ainda exalava de sua pele; separaram-se e iam trocar um beijo no rosto, quando ela repentinamente se virou e colou suas bocas por um segundo, chamando a atenção de olhares curiosos dos que estavam ao redor;
ele saiu;
ela saiu;
eles mal se conheciam;
mas ela o desejava;
e ele era apático;
ela acordou;
tudo não passara de um sonho."



Ando vivendo num atormentador turbilhão de pensamentos, sem ordem cronológica ou até mesmo algum sentido. Poucas vezes na vida se quer tanto algo que se tornam incontáveis os limites que se ultrapassa para conseguir. Aquilo que você nunca imaginou fazer, de repente torna-se rotina; as coisas que você nunca pensou que diria, de repente tornam-se parte de seu vocabulário.
Eu sempre tive uma imensa dificuldade em lutar contra vontades exacerbadas, e essa não é uma exceção. Eu simplesmente tenho essa insistente necessidade de seguir meus sonhos custem eles o que custarem, e ainda que eu tenha a certeza da utopia que a maioria são, algo dentro de mim simplesmente reluta fortemente em aceitar as imposições da razão.
Sempre existe aquela ideia de que o 'impossível' é o maior inimigo da felicidade, mas com um pouco de maquinação cerebral é fácil ver que o real inimigo é o querer. O querer incondicional; a necessidade irracional; a vontade sem limites, ainda que esse limite seja a própria sanidade.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Subjective Biography

Por: Caroline M. Rosemburg



Tudo ia bem, ou pelo menos era o que ela pensava. Seus sentimentos bem organizados, como pastas em um arquivo de escritório; um tanto insatisfeita como de praxe, mas conformada com a inexistente possibilidade de mudar sua realidade.
Eis que surge, de repente, como um trovão em dia chuvoso: cabelos longos (não muito), escuros e grossos, escondendo um pouco de seu rosto; olhar fixo em pontos inexistentes do chão; passos duros e firmes, embora demonstrassem a visível insegurança de quem pisa em território desconhecido; lábios que se moviam de modo a sussurrar algo para si mesmo; mochila nas costas, mãos nas alças. Por alguma razão desconhecida tirar aquela figura de seu campo de visão não era uma possibilidade para ela naquele momento, pois ainda que quisesse, sabia que não conseguiria. Deu uma rápida olhada para a aliança de prata em sua mão direita, e ainda perdida sacudiu a cabeça de modo a retornar de um transe. Quando poderia ela imaginar que aqueles segundos iriam mudar tudo o que ela já tinha como certo?


Como sempre, nada pretensioso. Talvez um desabafo; Talvez algo fictício; Talvez um sonho...

"Em muitas subjetividades podem-se encontrar milhares de verdades não ditas" (Caroline Rosemburg)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

encontros e desencontros.

Postado por Natália Lima.

aquele fora um dia bem típico no trabalho. e-mails de clientes problemáticos, indecisos, pequenos desafios, soluções, um pouco de dor de cabeça. mas nada que a incomodasse. no fim do expediente, decidiu que queria tomar um cappuccino, para relaxar. era viciada em café. a bebida amarga e forte era a única coisa que a fazia se sentir realmente ativa em dias tão normais e um pouco estressantes. era como a cocaína para um viciado que precisava se sentir vivo.

fim do expediente, começa a chover. ela pouco liga. não se importa com chuva mesmo, pelo contrário, costuma adorar tempo frio e chuvoso. acendeu um cigarro, como de costume, e desceu as escadas. a fumaça do cigarro entrava pelas suas narinas de forma intensa, e ela tragava aquele gerador de fumaça cancerígena como se fosse o último da sua vida, com o maior prazer. a felicidade discreta no rosto demonstrava sua empolgação, já que era sexta-feira e seu último dia de trabalho da semana. no corredor da empresa, o relógio de ponto. registrou seu horário de saída e aguardou alguns instantes enquanto a chuva se tornava mais fraca, e logo saiu. eram 18 horas.

sem guarda-chuva, foi andando pela calçada, rumo ao seu café predileto. sua única proteção para que não se molhasse tanto, era seu blazer risca de giz. usava uma camiseta dos Sex Pistols, blazer, calça jeans justa e botas. ergueu um pouco o blazer e tapou a cabeça, na intenção de não molhar seu cabelo liso e solto.

chegando ao café, comprou uma edição da Rolling Stone e começou a ler. pediu seu cappuccino, com chantilly e raspas de chocolate. acendeu mais um cigarro. lá estava um rapaz, de frente, sentado numa mesa coberta por uma espécie de guarda-sol gigante. ela não sabia quem ele era, nem ele sabia quem era ela. ele começou a observá-la, olhando em seu rosto.

ela não gostava quando alguém a encarava. geralmente se sentia incomodada, muitas vezes indagando perguntas grosseiras do tipo "perdeu alguma coisa em mim?", e deixando as pessoas sem reação. e assim fez. virou-se em direção ao rapaz, indagando:

- e aí querido, algum problema? te conheço de algum lugar e não sei?
e ele respondeu:
- não sei se você me conhece, mas eu sempre a vejo por aí.
- sério? e onde já me viu?
- sempre sozinha, andando pelo centro da cidade.
- hm, sempre ando por ali em meus horários de almoço.
- claro, por isso não é difícil alguém te ver. você tem um jeito peculiar, um tanto autêntico.

e ela foi cedendo, e vendo que o rapaz não era de tudo um malandro qualquer interessado em incomodá-la.

- ah, obrigada! - e sorriu de forma tímida. ela sempre ficava sem graça com elogios.
- você trabalha com quê? pelo seu jeito, suponho que seja em alguma área de artes.
- sim é, sou designer.
- sério? que interessante! também sou designer, trabalho com moda.
- bacana, moda era um sonho antigo meu. desisti quando entendi o mercado de trabalho. não se ganha tanto dinheiro sem ter contatos, infelizmente.
- é verdade...e não deixa de ser um mundo fútil.

ela foi se interessando pela conversa, e logo os dois estavam sentados na mesma mesa. o rapaz era o típico inglesinho, de chapéu estilo Pete Doherty, calça justa, botas, camiseta em tom preto desbotado e jaqueta de couro. obviamente, "o número dela". ou seja, seu estereótipo perfeitinho de homem. assim a conversa fluiu de forma incrível e ambos descobriram vários gostos em comum. então ela continuou a conversa:

- o que te traz aqui nessa tarde chuvosa de sexta-feira?
- ah, eu gosto de café. café com torta de chocolate. é um prazer muito grande poder saborear isso.
- jura? também adoro café. você mora onde?
- aqui perto, mesmo. e trabalho aqui perto também, tenho uma confecção.
- e mora sozinho?
- sim, moro. mas meus amigos sempre me visitam.
- hm, interessante!

ousada, ela diz: - qualquer dia vou lá te visitar, posso?
- claro que pode! será muito bem-vinda.

ela sorri. ele traça o olhar desde sua boca até seus olhos, a olha profundamente e também sorri. aquele sorriso a hipnotiza de forma viciante. e os olhos azuis dele a desconsertam. pode-se dizer que ela estava completamente encantada. e com o convite de visita ela se sentiu ainda mais à vontade com ele.

- e se eu te convidasse para ir até a minha casa, você toparia?
- por que não?
- agora?
- quem sabe?! - ele abre novamente seu sorriso brilhante. e novamente responde:
- depende do que nós formos fazer.
ela se sente num jogo de xadrez e, querendo dar o xeque-mate, diz:
- nós podemos fazer o que você quiser.
ele sorri novamente, e seu celular toca. ele pede um instante e atende.

- alô? oi amor! estou ótimo e você? ah, hoje foi um dia um pouco estressante no trabalho, estou aqui no café, tomando um cappuccino e comendo uma torta de chocolate. não gostaria de dar um pulo aqui e me acompanhar? estou com uma moça super autêntica e legal, você poderia conhecê-la! (...) ok amor, estou te aguardando.

ele a olha novamente e diz:
- então, meu namorado está vindo aí. se chama Henrique, você vai adorar conhecê-lo! tenho certeza de que vocês vão se dar bem. espere um pouco, ele está quase chegando!

com um aperto gigante no peito e uma sensação de "como fui idiota", ela percebe a situação e tenta ser simpática, sorrindo e dizendo:

- certo! eu fico até as 19:30, a gente aguarda e assim poderei conhecê-lo, será um prazer.

no fundo aquilo não seria um prazer. seria uma sensação enorme de "céus, que desperdício!" da qual qualquer mulher pensaria o mesmo. mas...não foi dessa vez. quem sabe no próximo café, ou encostado em algum muro, o amor a encontre.

Eleições, vestibular e um pouco de confusão mental.

Postado por Luana Melo.

É época de eleição. Wow, né? Podemos ouvir os barulhos irritantes do carro de som, as ruas imundas com todos aqueles papéis coloridos e toda aquela gente trabalhando embaixo do sol, para ganhar ao menos alguns trocados pelo simples fato de estarem ali: parados, passando uma idéia falsa de tal canditado. Sim. Aquele carinha dos panfletos com o sorriso estampado na cara. Um sorriso, que, muitas vezes, esconde por completo um rosto completamente falso.

Pois bem. As eleições estão por aí e o vestibular também. Mas, qual a ligação? O problema (ou seria algo bom?) é que agora mais do que nunca as faculdades cairão em cima desse assunto. Tentarão ao máximo em tirar todo o seu conhecimento sobre política e democracia em praticamente quase todas as coletâneas. E, pelo o que sabemos, democracia e política não é um dos assuntos preferidos do brasileiro, sim?


Falar de democracia é algo muito complexo. Pelo menos para mim. E eu não nego isso. Afirmo com toda a veracidade e um pouco de vergonha que a tal "democracia" ainda é um mundo um pouco desconhecido para mim. Mas, como estou vendo-me com a cara em cima do vestibular, e sei que há uma grande porcentagem de chances em eu ter de explanar sobre tal assunto então aproveitei o que puder sobre as eleições este ano. E o mais curioso é que votei pela primeira vez este ano também. Ou seja, aquele meu velho argumento muitas vezes já dito aqui de que "tudo está acontecendo este ano" é a mais pura irritante verdade.

Nossas aulas de redações são interessantes. Confesso que fico muito irritada com alguns assuntos, algumas coisas não se encaixam e eu tenho uma certa dificuldade para falar algo sobre. São sempre os mesmos clichês de moral, sociedade, problemas sociais e tudo mais. Mas não deixo de desmerecer coletânea alguma, pois sabemos que o que é "clichê" deve realmente valer o peso de sua própria característica, não? Se pedem tanto para falarmos sobre problemas sociais, sobre estética, moral, é porque alguma coisa está fora do lugar.

Pois bem, o assunto da nossa última avaliação de redação fora adivinha o quê? Eleições. A coletânea trazia a seguinte pergunta "Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?" e mostrava uma entrevista feita pelo jornal a Folha de S. Paulo para o mais polêmico candidato deste ano, o tal Tiririca que trazia com toda a sua campanha o tal slogan "Vote Tiririca, pior do que está não fica!". Teríamos de ter argumentos para afirmar ou não se tal atitude de voto ajudaria o Brasil como uma forma de protesto e como é um assunto que envolve tanto o respeito à democracia como um grande clichê do brasileiro que é não se importar tanto com política, meio que me perdi no assunto, mas postarei o texto que fiz mesmo assim.



"Época de eleição, todo o fervor e exaltação dos partidos e seus candidatos. Torna-se então, uma grande batalha em que o mais estruturado e polêmico argumento vencerá. É valido qualquer tipo de campanha, desde as mais sérias às mais debochadas. Mas, deixando de lado toda a seriedade, deboche e democracia são duas coisas que se encaixam?

O brasileiro deixou de levar a política de forma séria. Desde aos candidados até os eleitores. São poucas as pessoas filiadas a partidos que participam de congressos ou reuniões partidárias. É escasso número de indivíduos que possuem um histórico político ativo. A política já não é tão mais vista como algo interessante como algum tempo atrás, e isso é algo preocupante pois a mesma faz parte de nossa sociedade. E as decisões tomadas neste mundo, reflete com toda a clareza a real situação do hoje.

A completa desvalorização da democracia e todo o deboche nela existente é visto de uma forma positiva, irrelevante. Mas, o mesmo deboche contradiz por completo o real sentido dela, o que vai fragilizando a confiança e revoltando ainda mais todos aqueles que dão o devido valor a política. É valido (como dito no início) todos os tipos de campanhas: aquelas em que nos espocamos de rir, as que nos sentimos ofendidos e aquelas em que sentido algum faz. Um exemplo pode ser o personagem intitulado "Tiririca" que destacara-se com um slogan um tanto quanto cômico em relação a situação atual do Brasil: "Vote Tiririca, pior do que está não fica". Onde está a seriedade democrática nesta campanha? E, será que um personagem de circo teria a tal capacidade em adicionar algo em nosso país? E quando estivesse na câmara, tomando todas as decisões, ele deixaria de lado a sua versão cômica e tomaria o rumo certo?

Diante destes fatos, algumas pessoas fizeram questão em votar nesta figura simbólica tão polêmica. Afinal, o que o brasileiro não tem em mente quando ouve a expressão "política brasileira" não é um circo completo? E por que não protestar vontando em um palhaço de circo? Chega até ter um certo sentido. Porém, a coisa é diferente. Não é alimentando uma falsa democracia, uma democracia chula e debochada que resolveremos o problema.

"Mais seriedade e menos deboche, Brasil." Esse é o tipo de slogan que precisamos."

A extraordinária capacidade de insitir no erro.

Por: Caroline M. Rosemburg



"Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar"
(trecho: Soneto 35)


A frase clichê "eu sei o que é certo e o que é errado" com certeza já passou pela boca de todas as pessoas, e bom, o fato é que na maioria das vezes indivíduos a partir dos 15 anos de idade realmente já tem a plena distinção do que se deve ou não fazer. Independente da faixa etária, todos pelo menos uma vez já fizeram algo que sabiam ser errado, mas o intrigante sobre tudo isso é que essas mesmas pessoas pelo menos uma vez na vida também já repetiram esse mesmo erro.

Porquê insistimos tanto no erro?

Eu como uma pessoa que se considera um ser humano completamente adepto a cometer erros, principalmente voluntariamente, me auto-analisei milhares de vezes na intenção de tentar chegar a alguma explicação plausível sobre o porquê fazemos o que fazemos, e bom, o fato é que de acordo com a queima de meus neurônios eu pude concluir que essa "extraordinária capacidade" de insistir no que é incorreto se deve ao fato da grande idoneidade de possuir esperança que é nata ao ser humano.

Como isso se aplica?

No nosso dia a dia vivenciamos diversas experiências, e em cada uma delas creio que seja inevitável que façamos uma breve análise da margem de erros de se fazer o que se está para ser feito. Por mais que essa margem possa ser alta, é a esperança de que as coisas sigam um rumo melhor que nos convence a fazê-las afinal, assim como é essa mesma esperança que nos leva a cometer o mesmo erro novamente ainda na espera de que nas próximas vezes esse erro seja menor ou inexistente.

Errado ou certo essa insistência não é algo de que possamos nos livrar, afinal, por mais que se aprenda com os erros, "enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer." (Santo Agostinho)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

aparências.

Postado por Natália Lima.

estudiosos dizem que você inicia sua vida e forma sua personalidade até os 7 anos. não concordo com esse fato.

até os 7 anos você ainda é criança, não tem conhecimento nem vivência de mundo, e muita coisa pela frente pode te transformar - e, de fato, transforma. a pré-adolescência é uma época de descobertas, ingênuas ou não (no caso dos adolescentes de hoje, duvido muito que sejam maioria delas ingênuas). é nessa época que a sexualidade é descoberta de verdade, e a partir daí você descobre quais são suas preferências. após isso, você é jovem, quer se sentir livre e fazer o que bem entender - e é aí que começam as experiências que te fazem quebrar a cara. e é a partir delas, ou não, que você começa a aprender com os erros e obtém experiência de vida suficiente para que se torne adulto.

o problema é quando o adolescente ou o jovem já se sente tão adulto que fica cheio de si. inicia-se no mercado de trabalho, e muitos não páram em um emprego por mais de 5 meses justamente por não saber o que querem. raro é aquele que sabe o que quer e tem a mente adulta de verdade até seus 20, 22, 23 anos. maioria não sabe, é indeciso, inseguro. e nessa de se acharem adultos, se tornam arrogantes, fúteis, quase "donos do mundo" quando ainda moram com os pais e não são donos nem do próprio nariz. por mais que a família seja humilde, muitos filhos se tornam o contrário disso e acabam ostentando o que não são e o que não têm. envolvem com as pessoas erradas, consideram amigos aqueles que no fundo só querem os ver pelas costas. começam a beber, fumar, a gastar todo o salário em bares e festas, e acham que isso é super cool e divertido, acham que isso é viver. e sempre que alguém tenta dizê-los a verdade, dão risada e usam de ironia e cinismo.

a verdade por trás de tudo isso é uma grande insegurança e um grande vazio que sentem por dentro. provém disso a necessidade de aparecer, de tomar atitudes extravagantes, de estourar todos os limites (e acabar se tornando ridículo, quando não tão insuportável a ponto de sofrer rejeição). por trás dessa máscara e de tanta falsa aparência, existe uma grande covardia, uma grande solidão e tristeza, e uma necessidade imensa de encontrar pessoas com as quais se identifica de verdade. por fim, para que não morra sozinho, o indivíduo tenta se adaptar, na falsa esperança de ser reconhecido e notado como alguém. se fosse realmente forte e possuidor de uma personalidade, faria sua própria felicidade acontecer através de outros meios, e, acima de tudo, respeitando a si mesmo e se aceitando como é.

RATM, um surto e mais aleatoriedades.

Postado por Luana Melo.

Eu pouco consigo entender sobre como controlar sentimentos. Desde os mais melancólicos até os mais rústicos. Diante disso, tenho passado por situações desde as mais engraçadas até as mais insuportáveis. E as músicas com certeza têm me ajudado bastante. Desde Smiths à RATM. Que mistura, não? Mas na realidade é assim que a minha mente anda. Numa mistura completa.

Pois bem. Acho que sou a única pessoa que ao surtar, chuta cadeiras, manda alguém para o inferno e desconta tudo em palavras escritas. Não que isso tenha acontecido hoje.. Ehm. Nunca entenderei porque as coisas aqui fora são tão diferentes. É. Aqui fora. É meio complicado dizer sobre isso, considero tudo o que esteve comigo dentro do meu ambiente famíliar como algo que está "aqui dentro". E como, infelizmente, apenas com os meus 17/18 anos de idade passei a me interagir mais com o mundo "aqui" fora, tudo ainda é novo, contraditório, chato. Porém, ao mesmo tempo, é tudo belo, incrível e eu adoro passar por cada situação dessas.

Sabe, mandar alguém a puta que pariu é algo que eu sempre tive vontade de fazer. Apesar de ser uma expressão um tanto quanto chula, falar puta que pariu e repetir puta que pariu quantas vezes for, é algo explêndido.
Eu ando num botão de fuck off ligado para qualquer pessoa. Ando não me importando mais com o que está acontecendo pelo o mundo, ou então porque o fulano e o ciclano estão tão tristes ou então porque está tão quente quando nessa época deveria estar tão frio. Eu não consigo mais sentir uma compaixão tão grande por coisas simples. Ando tornando-me um cubo de gelo. E mesmo que eu aparenta ser tão frágil ou até mesmo demonstre isso, eu tenho plena certeza que não tenho mais a mesma compaixão de antes.
Isso contradiz totalmente com o que eu acredito que seja ser de fato um ser humano. Acredito na bondade das pessoas, acredito em um mundo sim cor de rosa e fofo, e além do mais, acredito na compaixão das pessoas e naquele velho respeito um para com o outro que sempre ouvimos falar desde o jardim de infância. Isso não é uma igenuidade, isso é o que você o que eu e o que nós acreditamos. Queira você ou não (usando um termo um tanto quanto clichê e insuportável) lá dentro do teu coraçãozinho há essa idéia de sociedade. Essa idéia do amor e da compaixão, do respeito e da tolerância.

Mesmo vivendo em um mundo um tanto quanto errado
comparado a minha idéia de mundo (que é SIM igual a sua, apenas com caminhos diferentes) eu ainda tentarei guardar ao máximo a minha compaixão e respeito para com o próximo. Não porque isso seja algo de honra, mas é porque me faz bem. Exclusivamente a mim. E sei que um pouco de egocentrismo não faz mal.

Afinal, falar puta que pariu e não se importar com isso é uma maravilha.

Perdoem-me pelo vocabulário chulo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Oh mother, I can feel the soil falling over my head.

Postado por Luana Melo.

Ultimamente ando numa planície de melancolia. O que não é uma novidade para um domingo de manhã em que a chuva tenha começado a cair e o cheiro de terra tenha invadido a casa inteira. E eu ainda insisto em não ajudar escutando The Smiths.
Pois bem. Todo domingo sempre fora uma nostalgia enorme. O fato de ser um dia em que me faz voltar à várias cenas de minha infância também ajuda. Sem deixar de comentar o fato de que, em uma certa hora de um domingo qualquer, até um tempo atrás, o fim da noite era tudo o que mais esperava. Hoje quero não pensar tanto nisso, mas como já é um fato meu, eu não consigo parar de pensar um minuto sequer.

Eu ando perdida. Perdida em todos os sentidos possíveis. Desde não entender porque as coisas estão do jeito que estão até em não saber o que fazer para que tudo volte a ser como antes. E sei que não voltará a ser. Sei que é inevitável a necessidade de um tempo para me organizar. Mas eu não consigo esperar. Eu consigo fingir a espera, consigo demasiadamente usar uma máscara de paciência, demostrar-me tão pouco interessada e sentar-me em qualquer lugar apenas esperando e esperando. Mas por dentro eu me não aguento. Por dentro há sempre uma insatisfaçãozinha que me consome, que me machuca, que me deixa lá embaixo, mas que depois de um tempo some. Some. E eu fico procurando saber para onde foi. E quando acho, ela volta, e volta de uma forma pior. E eu fico assim, como nessa manhã de domingo. Olhando para quatro paredes que me insistem em dizer o que fazer, mas no final elas nunca dizem nada.

And it never really began. But in my heart it was so real.
Postado por: Caroline M. Rosemburg



EU CANSEI. Cansei de viver na utopia. Cansei de não poder sem quem sou. Cansei de precisar ser o que NÃO quero para agradar aqueles a quem quero. Sim, eu cansei.

A cada dia que passa eu percebo o quão medíocres as pessoas são; o quanto elas são boas em julgar e condenar; a imensa facilidade que elas têm em humilhar e diminuir a seus semelhantes pelo simples fato de não serem o que essa porcaria de sociedade considera normal, essa droga de estereotipação que os tolos insistem em seguir.

Olho para os lados e não vejo pessoas, enxergo membros de uma ceita, a ceita social. Todos vestidos de modo igual; os mesmos cabelos; as mesmas expressões; os mesmos gostos; as mesma vontades; o mesmo jeito de agir e pensar; até o mesmo jeito de julgar; as mesma músicas; as mesmas escolhas; os mesmos programas de tv; os mesmos sites da internet; o mesmo (inexistente)conhecimento de mundo; os mesmos preconceitos...

Post pouco útil, na verdade, completamente nada intencional, apenas um desabafo de alguém que quer ir para Marte.

sábado, 23 de outubro de 2010

inspirado na vida de um Designer Gráfico.

Postado por Natália Lima.


nós somos aliens, estranhos e perdidos na galáxia. ou somos robôs, máquinas programadas para trabalhar incansavelmente, sem sequer nos alimentarmos ou dormirmos de forma correta. passamos horas frente a outra máquina, o computador. dezenas e dezenas de softwares a serem compreendidos, mercado disputado, que vença o melhor. quanto mais geek você for e mais coisas souber, maiores são suas chances. mesmo assim, com todo tanto que sabe, acaba passando por entrevistas concorridas e se aprovado, ganha valores irrisórios. você precisa ser o melhor para concorrer com os melhores. caso contrário, fica para trás.

nesse mundinho competitivo, muitas vezes esquecemos que somos humanos e deixamos de lado até mesmo os sentimentos. bens materiais como monitores de imensas polegadas, iPods, iPhones, MacBooks, headphones, toy arts e revistas de tutoriais se tornam objetos de consumo e desejo. no fim, somos robôs e sequer saímos de casa, e nossos amigos são virtuais. mundo tecnológico, afastando pessoas, unindo homem e máquina.

Natália Lima é formada em Letras pela Universidade Federal de Goiás, e reinicia sua vida de blogueira a partir de agora neste blog, após alguns anos de ferrugem. escreve como quer, de forma prática, rápida, simples, objetiva e direta, sem rodeios ou enfeites, e é Designer Gráfica por gosto e vocação, fritando seu cérebro diariamente e se dedicando à profissão das 07:30 a.m às 18:00 p.m.

Tornade of feelings : set me free


Postado por: Caroline M. Rosemburg



Essa foi a semana em que minha vida deu um giro, de todas as maneiras possíveis. Resolvi exorcizar de uma vez por todas todos aqueles pensamentos que há muito massacravam meu cérebro, os quais covardemente relutava em me livrar. É incrível o quanto uma única ação pode te deixar leve de modo a formatar seu cérebro corrompido por arquivos de um ano inteiro. O fato é que sinto-me livre como nunca. Apesar de não me sentir bem como um todo, afinal tudo que vai deixa um buraco, e nesse caso deixou uma cratera e tanto, não nego, e apesar de ter sido uma atitude um tanto egoísta, sinto-me leve, e no momento de espírito em que me encontro, isso já me basta.

Andei lendo algumas obras do filósofo Adam Smith, e me identifiquei com sua teoria sobre o egoísmo, em que ele analisa a avassaladora paixão por auto-preservação e interesse próprio do homem. Smith descreve o homem como uma criatura que se guia pelo egoísmo, e tudo isso é consequencia de sua habilidade de raciocinar. O fato é que o egoísmo, dependendo da situação em que se aplica, acaba por se tornar uma clara tática de sobrevivência. O homem naturalmente é egoísta, e isso é algo imutável em minha concepção de sociedade. Muitos podem estar discordando de mim nesse momento, mas eu não estou abrangendo o as relações sociais como um todo, afinal, é claro que principalmente no que diz respeito às relações economicas o egoísmo é o grande responsável de toda a segregação de temos hoje, mas quanto as relações emocionais, o egoísmo sempre foi a meu ver a grande chave para a felicidade. Por mais difícil que possa ser deixar o sentimento de terceiros à parte, fazê-lo na maioria das vezes é algo inevitável e que pode vir a abrir grandes portas para os que o fazem.

Não estou dizendo que devemos ignorar completamente os sentimentos das pessoas, pelo contrário, para mim pelo menos isso é algo indiscutivelmente impossível. Eu só estou dizendo que no momento de escolher entre o seu bem-estar e o da outra pessoa, ninguém em plena consciência teria dúvidas em decidir.


Se eu partisse amanhã
Você ainda se lembraria de mim?
Pois eu devo seguir viagem, agora
Pois há muitos lugares que eu preciso conhecer
Mas, se eu ficasse aqui com você, garoto
As coisas simplesmente não seriam iguais
Pois eu sou tão livre quanto um pássaro agora
E este pássaro você não pode mudar
O Senhor sabe, eu não consigo mudar

Até logo, foi um amor gostoso
Embora este sentimento eu não possa mudar
Mas por favor, não leve muito a mal
Pois o Senhor sabe que eu sou o culpado
Mas, se eu ficasse aqui com você, garoto
As coisas simplesmente não seriam iguais
Pois eu sou tão livre quanto um pássaro agora
E este pássaro você nunca mudará
E este pássaro você não pode mudar
O Senhor sabe, eu não consigo mudar
Senhor me ajude, eu não consigo mudar
(Lynird Skynird - Free Bird)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

11:57

Postado por: Luana Melo.

O mundo não é mais o mesmo e isso pode ser claramente visto em praticamente tudo o que está ao nosso redor. Mas, por que não é mais o mesmo? Desde quando ele passou a ter um padrão para, como nos dias de hoje, ser considerado o contrário de tudo aquilo o que supostamente deveria ser? Pois bem. Sempre senti-me um pouco à frente daquilo o que minha geração prega. Mas, da mesma maneira, sinto-me voltar às origens constantemente. Tentar ser o exemplo de educação, de inteligência e moral, é algo que não só eu, assim como todos, mesmo que não queiram assumir, lá no fundo, tentam. Quando digo que estou à frente do que minha geração vive quero dizer que consigo assimilar e enxergar coisas que as pessoas que estão ao meu redor não conseguem. Quando digo que constantemente volto às origens, quero dizer que o "novo" nem sempre me agrada e que toda a velharia é o que realmente faz sentido.

Dentro de toda essa minha indagação, perco-me diante do meu presente. Vivo um constante paralelo entre o meu futuro e o passado (que muitas vezes nem vivi) e esqueço do meu agora. Tento mesclar o tempo, interligar suas características, mas definitivamente elas não batem umas com as outras. E isso causa-me a frustração. Aquele velho sentimento de que está tudo errado e que tudo deveria ser como era antes. Mas, o que era o antes? E o antes disso não era melhor também?

Acho que preciso parar de escutar The Smiths tanto assim...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

My text message to myself.

Postado por: Luana Melo.

Começar um texto ou algum fragmento qualquer com a palavra eu sempre me deixou frustrada. E mesmo me deixando em tal estado, eu ainda insisto em repeti-la infinitas vezes. Talvez seja o meu eterno e belo egocentrismo e a minha insistência em demonstra-lo tanto. Pois bem.

Hoje fora um dia como todos aqueles em que fiquei com vontade de escrever um monte de coisas sobre todas as coisas que consigo pensar. Ele começou como qualquer dia normal, com uma pequena diferença no horário e no céu da manhã. Demoro muito para me acostumar com o tal horário de verão, mas confesso que sinto-me maravilhada em ver um pequeno breu no céu às 6 em ponto. Cada dia ( mesmo sendo diferente e o calendário acusando friamente a nova data) são pequenos espaços entre o momento em que desligo-me completamente em minha cama de tudo aquilo que no dia interior eu vivi. Desde as minhas frustrações à paixões e indecisões. Desde a minha vontade em querer demasiadamente fazer algo e me ver ali, parada, pronta para por em prática e em questão de segundos querer que tudo volte a ser como era antes e deixar de lado o que em poucos segundos atrás era o meu maior desejo. A semana corre e anda lentamente ao mesmo tempo. E ultimamente tenho perdido-me entre os espaços vazios dela, e procuro sempre uma maneira em deixa-los preenchidos. Seja como for. Com um pensamento, com uma ação, com um sentimento ou canção. Sinto-me inteiramente frustrada quando sinto-me esvaziar a cabeça e mesmo isso me deixando completamente maluca, sinto um prazer enorme ao mesmo tempo. É o meu eterno e maior vício: o meu eterno ciclo em ir e voltar e nunca parar. Fugir, desaparecer, retornar para então revigorar todas as idéias que posso.

Tenho vivido uma época em que as coisas resolveram acontecer todas no mesmo tempo e momento. E sei exatamente que tão pouca diferença isso fará para qualquer pessoa além de mim. A intensidade, o desejo, a vontade e a tão querida insistência fará apenas parte daquilo que é meu e o que caracteriza-me. Eu tenho vivido tudo aquilo o que minha cabeça tem me pedido. Desde as frustrações das relações inter-pessoais até a maravilhosa sensação de prazer em algum trabalho ou ação concluída. Desde a vontade em querer conhecer tudo e viver de tudo, até o momento em que querer jogar tudo para cima e não saber de mais nada se torna o mais novo e incrível desejo. Eu tenho vivido isso e tenho gostado de cada parte. Sou apaixonada por os dois lados que tenho: a minha razão e as emoções que mesclam entre si e tornam-se o que é a minha essência. O meu lado bruto e meigo, a minha demasia em viver o perigo e esconder-me depois sem passar pelas conseqüências. Viver os dois lados da moeda é a minha maior e mais incrível diversão.

Afinal, não sou eu quem mais ama toda essa contradição?

sábado, 16 de outubro de 2010

O mundo de plástico e a síndrome da Barbie

Por Caroline Morais Rosemburg.




Nas últimas décadas a mulher começou a preocupar-se em demasia com o seu visual a fim de alcançar um estereótipo de perfeição contemporâneo. Com isso, houve uma imensa alargação das áreas inerentes a esta busca incessante e hoje existem uma infinidade de opções especializadas às quais as mulheres podem recorrer para alcançar a sua auto-aprovação e satisfazer o seu ego. A medida que as opções crescem, as exigências sobre a imagem feminina também cresce, e cada dia torna-se mais inalcançável e mais cruel, obrigando as mulheres a se submeterem a verdadeiras sessões pagas de tortura para serem aceitas, ou no mínimo, admiradas. Essa discussão, por mais clichê que possa parecer, sempre me causa um furdunço cerebral incontrolável, que gira em torno desse poder que a sociedade tem de destruir a vida e a sanidade das pessoas.

Desde criança eu sempre tive essa ideologia fixa de contrariar os "mandamentos" e imposições sociais, justamente por ter a consciência de quão absurdas essas imposições tendem a ser, mas mesmo assim a pressão exercida pela massa é tão intensa que acabei me rendendo a mesma. Por dois anos tive problemas com distúrbios alimentares, e até hoje não nego a necessidade de lutar contra eles todas as vezes que ao olhar ao meu redor vejo que os homens idolatram mulheres com corpos completamente contrários ao meu, de magreza e curvas invejáveis, ao mesmo tempo que desprezam e humilham àquelas que não os possuem, assim como já fui humilhada e desprezada incontáveis vezes devido a meus insistentes kg a mais. O fato é que por mais que o desejo de ignorar a sociedade possa fazer parte de nós, fugir dela é algo puramente utópico, portando se adequar à ela não é mais um simples ato de fraqueza, e sim uma injusta tática de sobrevivência, visto que se você não se enquadra nesses padrões você se torna dispensável para os 99,9% de hipócritas que nela habitam, e infelizmente os 00,1% restantes podem não ser seus futuros patrões, maridos e amigos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Duas da matina e uns quebrados.

Postado por Luana Melo.

Haha. Poderia descrever a minha super-hiper empolgação em estar escrevendo aqui. Mas na verdade nem eu sei o que teria a escrever. Eu poderia começar criticando algo (o que sempre fui muito útil) ou então quem sabe contando uma história fictícia. Eu poderia dizer milhões de coisas sobre milhões de assuntos, ou então trilhões de conclusões sobre quatrilhões de pensamentos que andam rodando a minha cabeça. Mas não poderia e seria até mesmo um crime começar a falar sobre algo. Eu não me permito a especificar algo, não me permito a dizer o que acho ou o que penso. A cada minuto tudo passa e repassa, tudo volta e fica.

É incompreensível para você saber o que se passa na cabeça de outro alguém. Eu nunca vou entender o porquê de um ato cometido por ti, ou então cogitar uma solução para um problema seu. Não teria como especificar e nem dizer o que sente sobre algo, ou então até mesmo quem sabe dar uma opinião sobre aquilo que você acredita. Assim vale para você em relação a mim. Você não saberá, não cogitará e tampouco sentirá o que se passa por aqui.

Como poderia, você, eu, dizer o que podemos, o que queremos, ou o que sentimos?
Eu tô adorando essa minha confusão. Eu adoro, eu simplesmente adoro toda essa minha contradição.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Musik non stop till slut

Postado por Luana Melo.

"A música é a mais perfeita expressão da alma!" Não há frase mais certa e que mesmo compacta consiga juntar em uma expressão só, o real significado.

Apesar de que em mim, seja muito mais que expressar simplesmente a alma. Expressa meu corpo, a minha mente, os meus desejos e angústias. Posso dizer com todas as letras que não sei o que seria de mim sem música. Grande parte do que sou hoje, do que penso, vejo, sinto e reflito tem uma grande influência por parte dela. E se eu pudesse mesclar sentimentos em algo tão maravilhoso assim, a música seria o resultado.
Especificar um gênero musical para mim, é definitivamente impossível. Apesar de me identificar bastante com as vertentes do rock n' roll, muita coisa fora desse padrão me agrada também. E acredito que, quem seja amante da música como eu, sabe que independentemente de qual gênero, a partir do momento que te agrada e lhe traz conforto, é o que mais importa. Mesmo que saia do rock n' roll clássico até o mais extremo: se te faz voar ou algo bem perto disso, é o que definitivamente importa.
Ultimamente, bandas instrumentais com uma certa influência do shoegaze (que aliás, é um gênero extremamente interessante) tem feito parte do meu dia-a-dia. Algo bem trabalho, exige sim profissionalismo e autenticidade. Do contrário torna-se um barulho sem fim. Sem contar que arriscar com instrumentos exóticos é essêncial, os efeitos são um dos pré-requisitos. Explosions in the sky, Motek e os suecos do Detektivbyrån estão no topo essa semana. Cada um com a sua autenticidade: saindo do doce e sutil Explosions in the sky, até o exótico e regionalista do Detektivbyrån.

Além desses há vários outros que eu gostaria de comentar aqui. Pensei então em fazer, baseado no meu lastfm, uma lista com vídeos e comentários de tudo aquilo que tenho escutado e descoberto desde 2002. LÓGICO, de forma bem resuminda, e bastante coisa faltará também. Pois bem:

Eu não poderia em momento algum deixar de comentar sobre o The Vines. Apesar de todas as críticas e da, como posso dizer, imunda comparação entre o Vines e o Nirvana, eles têm andado comigo desde 2002. Craig Nicholls e sua Asperger fez o The Vines realmente ser o que é. O peso de sua música em minha vida é algo indiscutivel, e sendo totalmente radical, eu posso dizer com todas as letras que o que penso e o que vivo hoje tem bastante influência destes quatro australianos que conseguiram uma junção completa daquilo que eu considero para mim, uma boa para os meus ouvidos.
Começando por Get Free que estourou completamente na MTV, passamos por Highly Evolved o primeiro álbum da banda. Músicas como Outtathaway!, Highly Evolved, e 1969, retratam o verdadeiro Vines. Aquele rockzinho com influência "nirvanesca" de garagem.



O segundo álbum da banda (eu não diria o meu preferido pois sou muito suspeita a falar de qualquer álbum deles) intitulado "Winning Days" retrata um lado mais particular, eu diria, de Craig Nicholls. No encarte do CD podemos observar que tudo parece um sonho. Músicas como Autumn Shade II, Winning Days, Rainfall e Sunchild, demonstram um mundo completamente "nicholls". Como dito acima, o Vines é o que é, e toda a sua característica, vinda da particularidade de seu vocalista. Nicholls fora diagnosticado com Sindrome de Asperger, um tipo de autismo. Isso explicara suas performances nos palcos e, acredito eu, o porquê de sua música ser algo tão autêntico e com letras tão impactantes.



O terceiro álbum da banda, intitulado Vision Valley, veio com críticas enormes e questões como "é o fim do The Vines?". É um cd bastante curto, músicas rapidas, porém, com um rock n roll'zinho maravilhoso! Esse cd demonstra dois lados da banda: o lado saída de Patrick Matthews (ex baixista e melhor amigo de Nichollls desde o inicio) e a piora no estado mental de Craig. A capa do cd não tem tanta cor, e é apenas o nome da banda e do álbum. Músicas como Anysound, Nothings Comin', demonstra um lado bruto de Craig e Spaceship demonstra toda a sua nostalgia.



O quarto cd da banda, intitulado como Melodia, fora o fracasso total de tudo aquilo que nós, os fãs, esperávamos. Esperávamos algo mais Highly Evolved e totalmente diferente. Vimos um Nicholls mais voltado a própria vida de rockstar do que a sua antiga maneira de ser, mas algumas músicas como Autumn Shade IV, True as The Night e She is Gone, ainda demonstram aquilo que queríamos.



Finalizando a parte Vinesca do post, posso garantir com todas as letras o quanto ansiosa estou pelo quinto álbum. The Vines sempre foi e sempre será uma das bandas que mais marcará em mim.

Deixando um lado Vinesco e indo para as minhas outras vertentes da música, como dito logo no começo, a minha parte instrumental engloba bastante gêneros. Não sou muito fã de brutalismo e nem, usando um vocabulário bem simples, "barulho" mas vertentes como industrial me chamam bastante atenção. Bandas não só de instrumental mas também como Nine Inch Nails com o maravilhoso e incrível Trent Reznor e até mesmo os autênticos alemães do Rammstein me chamam bastante atenção. Gosto dessa brutalidade misturada a algo eletrônico e diferente.



Deixando a pancadaria de lado e entrado a algo mais diferente e, eu diria com todas as palavras, bem regionalista, tenho aqui os incríveis suecos do Detektivbyrån. Eu não poderia deixar de comentar em momento algum sobre o peso da música sueca em minha vida como dito em um post anterior sobre a escandinávia. Detektivbyrån é uma banda de Gotemburgo considerada por muitos algo como electronic folk music. Sua autênticidade é algo indiscutível, e músicas como Life/Universe e Om Du Möter Varg podem demonstrar isso.



Saindo do lado regionalista e entrado para um lado mais alternativo, Explosions in the Sky, Motek e Because of Ghosts retratam um lado instrumental post-rock totalmente incrível. Toda a magia da música instrumental e toda as suas características podem muito bem ser vista nessas três bandas. Os bélgicos de Motek fizeram um show em Goiânia em 2008, e fico muito triste por não ter tido a oportunidade em vê-los, enfim. São músicas maravilhosas e servem como terapia para mim antes de dormir. E até mesmo quando não tenho o que fazer e quero sonhar um pouco.







Voltando aos suecos (haha, eu sempre estarei comentando sobre eles aqui) nomes como Håkan Hellström, Markus Krunegård, Timo Räisänen, Lärs Winnerbäck, Anna Anna Terhneim Björn Isfalt estão comigo sempre. Håkan Hellström merece uma ênfase enorme. Sua música é incrivelmente maravilhosa, e eu consigo claramente ver bastante influência da música brasileira em cima da música de Håkan. A paixão que ele tem pelo Brasil não me é novidade, e entrado por um lado mais pessoal de sua vida, ele é casado com uma brasileira e fala fluentemente em português. Isso explicaria talvez o grande número que fizera cantando "Vamos Fugir" de Gilberto Gil em uma apresentação. Pois bem, músicas como För en lång, lång tid e dom kommer kliva på dig igen podem retratar muito bem o trabalho deste incrível e maravilhoso compositor!



Continuando na linha sueca há várias outras bandas que eu gostaria de comentar mas eu não posso, e seria até um grande erro meu deixar de dar mais uma vez uma grande ênfase no Kent. O título do post é de uma música deles, e o que eu posso dizer com todas as letras é: Kent é uma das melhores bandas suecas já existentes. O peso de sua música é algo imensurável a mim, e me ajuda bastante no meu estudo da língua sueca. A banda foi fundada na década de 90 em Eskilstuna e é uma unanimidade para a maioria das pessoas suecas que conheço, de todas as gerações possíveis. Tenho um grande apreço por essa banda e sua história, suas letras (que ficam um pouco dificil para meu entendimento, mas tenho ajuda de alguns amigos suecos e consigo a versão em inglês que fica bem mais fácil) seus grandes vídeos e toda a sua criatividade. Joakim Berg é um vocalista excepcional. Seria dificil dar exemplos de músicas para dizer o que realmente seria Kent, a banda tem um grande material já produzido sem contar nos seus CD's da versão inglesa. Mas aqui vai uma lista:

1995-mar-15 "Kent"
1996-mar-15 "Verkligen"
1997-nov-12 "Isola"
1998-abr-27 "Isola" (versão em inglês)
1999-dez-06 "Hagnesta Hill"
2000-abr-28 "Hagnesta Hill" (versão em inglês)
2000-nov-29 "B-sidor 95-00"
2002-abr-15 "Vapen & ammunition"
2005-mar-15 "Du & jag döden"
2007-out-17 "Tillbaka till samtiden"
2009-nov-06 "Röd"
2010-jun-30 "En plats i solen"

E alguns vídeos de cada CD.

Kent - När Det Blåser På Månen


Verkligen - Gravitation



Isola - Saker Man Ser



Hagnesta Hill - Musik Non Stop



Vapen & ammunition - Sverige



Du & jag döden - Mannen i den vita hatten (16 år senare)



Tillbaka till samtiden - Columbus



Röd - Hjärta



En plats i solen - Passagerare



Deixo aqui então a minha música e a minha eterna demonstração de amor por essas bandas que em tão pouco tempo conquistaram um espaço enorme em minha vida. Posso dizer com todas as letras que eu não seria o que sou hoje sem a música.

Hejdå!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O grande dilema da vida e da morte.

Postado por: Caroline Rosemburg.



Eutanásia: o nome que pode dizer tudo para alguns e nada para outros é hoje a minha pauta de debate.

Vi ainda ontem na televisão uma propaganda que expõe opiniões religiosas sobre diversos temas, e o tema da vez era a eutanásia. Um homem sobre o qual não me lembro a qual doutrina religiosa pertencia condenava com unhas e dentes essa prática, utilizando como argumento principal o seguinte: Deus condena qualquer ato que possa intervir no direito de viver de um ser humano; só Ele pode escolher o momento certo para que seus filhos descansem, e qualquer homem que possa vir a interferir nisso estará cometendo assassinato.

Não consegui conter uma risada boba de deboche ao escutar isso. Não condenei os princípios cristãos do homem, pelo contrário, também sou cristã, e tenho muita fé nos caminhos por Ele traçados, mas ainda assim não pude deixar de encontrar uma contradição notória nos dizeres desse indivíduo. A partir do momento que os cristãos pregam que o homem não deve intervir no direito à vida e à morte que nos são natos, fica implícito também que isso significa que nenhum procedimento médico que vise o prolongamento da vida deve ser realizado, porque isso seria uma interferência no momento que Ele designou para a o termino dela, sendo assim, se alguém estiver à beira da morte não devemos prestar-lhe nenhum socorro, afinal, esse alguém está morrendo porque Ele quis assim, e não é nosso direito intervir.

Não estou dizendo que a fala daquele homem fora dotada de qualquer hipocrisia, e sim estou tentando mostrar que por muitas vezes a compreensão humana acaba sendo limitada para o que a religião prega. Eu não sou uma perita em teologia, mas o pouco que sei sobre esse tema polêmico é de que Deus nos ama acima de qualquer coisa e está sempre pronto para nos dar o seu perdão, portanto, a meu ver, sugerir que Deus possa vir a desejar a morte de um de seus filhos, ou de que Ele seja capaz de castigá-los por seus atos vis, vai contra todo e qualquer princípio sobre Sua imensa bondade já pregado até hoje.

O fato é que assim como a vida é considerada um presente, a escolha de aceitá-lo assim como a de livrar-se dele a qualquer momento não é nada além de um direito que acompanha o nosso livre arbítrio, e deve ser respeitado acima de qualquer princípio ético pregado pelo homem. Que fique bem claro que o homem é portador desse livre arbítrio enquanto for responsável por qualquer ato que influencie diretamente o controle de sua vida, sendo assim a partir do momento em que sua vida está limitada ao funcionamento de aparelhos, o controle sobre a mesma já não está mais nas mãos de seu portador, portando o direito de determinar o seu fim também já não lhe é devido, devendo estar à deriva dos que por ele estão responsáveis.

Eu sou completamente a favor da eutanásia, e creio que existem atos muito mais criminosos do que tirar a vida de alguém que já nem mesmo a possui, e que por puro falso moralismo ou por falta de coragem nós ignoramos completamente. A intenção principal desse post não é a disseminação de minha opinião, mas sim uma tentativa de abrir os olhos das pessoas para coisas que muitas vezes deixamos passar por não conseguirmos enxergar nas entrelinhas das coisas que nos são transmitidas. Devemos abrir por completo a nossa mente todas as vezes que nos dispormos a entrar em contato com diferentes pontos de vista e opiniões, porque por mais banais ou imaturos que possam nos parecer, sempre existirá a possibilidade de haverem algumas informações implícitas que podem nos passar em branco, e essas coisas que deixamos passar podem ser talvez o ponto chave para a compreensão de muitas questões que fogem do nosso entendimento ou que nos são desconhecidas, e que podem contribuir e muito para nossa evolução intelectual e cultural.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fragmentos de uma tarde aparentemente escolar, disfarçada com um pouco de filosofia.



Postado por: Luana Melo.


Não sei se é um bom título mas como já havia dito no post anterior, tenho preguiça para eles e quando não tenho alguma idéia coloco apenas o horário. Pois bem, hoje tive aula pela manhã e logo depois do almoço fui para o colégio procurar um refúgio contra alguns pensamentos que por agora, eu tenha que deixar de lado, mesmo não querendo e tentei focar em matemática e química. Obviamente, como esperado, não consegui, e levei como desculpa um livro que estou lendo pela segunda vez (eu sempre faço isso, sempre leio algum livro duas ou três vezes, li e reli A Insustentável Leveza do Ser não sei quantas vezes) que é chamado Aprender a Viver Bem - filosofia para os novos tempos - do filósofo ex-ministro da educação da França Luc Ferry.
Logo no começo, assim que peguei ele entre os livros de filosofia de minha mãe, pensei em algo auto-ajuda. Eu já devo ter comentado em algum outro blog meu o quanto abomino qualquer tipo de auto-ajuda, principalmente nos livros. Mas ultimamente essa minha idéia radicalista tem mudado, pois há sim maneiras em procurar uma auto-ajuda, uma melhor maneira de se viver em livros. Digo isso porque acreditei eu por um bom tempo, que auto-ajuda seria algo para pessoas fracas. Mas o que leva uma pessoa a ser fraca ou não? Como posso juga-la e condena-la a tal rótulo? No final todos precisamos de uma auto-ajuda, mesmo que, ela estando no livro contradiza totalmente o prefixo auto que nada mais é uma ajuda vinda de si.
Mas diferentemente do que pensei, é um livro incrivelmente esclarecedor para todos aqueles que assim como eu no começo, tenha uma sede enorme em apronfudar-se em filosofia mas de uma maneira que não abdicasse o mais mágico que ela tem: a riqueza e a sua profundidade. Luc passa uma idéia bastante explícita e fácil do que seria a filosofia, e explica por capitulos, dando exemplos, pois ficaria tudo muito abstrato através de fragmentos. Começando literalmente pelo começo, a filosofia que floresce na antiguidade até a minha querida filosofia contemporânea.

Na primeira parte do livro, logo depois da sua explicação sobre a sua iniciativa em escreve-lo e na sua vontade em deixar de forma mais clara e simples o estudo do que seria a filosofia, ele comenta sobre um dos meus maiores e mais problemáticos temas: a questão de religião. Diversas vezes deixei de comentar a minha opinião sobre em discussões escolares, pois sempre vivi em cidades conservadoras, com uma moral cristã absurda, enfim....

Pois bem, "a finitude humana e a questão da salvação". A salvação remete uma idéia completa de paz, o fato de se salvar de uma grande desgraça ou afins. As instituições religiosas usam essa expressão como seu maior e mais completo argumento. Todas elas tentarão se esforçar ao máximo a nos prometer a vida eterna, e garantir que reencontraremos um dia aqueles que amamos - amigos, filhos, pais - aqueles que a vida terrestre irá nos separar.
Qual é o nosso maior medo? O que desejamos acima de tudo? Desejamos sempre estar rodeados de pessoas e nunca estarmos sós. Temos medo da morte. Mas não a morte "fim da vida terrestre". Temos medo da morte das coisas. A morte de um relacionamento, a morte de um acontecimento, a morte de um desejo e sonho. Esse medo constante da morte, do futuro mesclado com traços do passado, nos fazem a viver em um paralelo entre o próprio futuro e o próprio passado. Ou seja, deixamos que o passado nos prenda a um mundo diferente do presente nos impossibilitando ao futuro.Isso explicaria talvez o grande mal do século. A constante busca em toda essa materialização que aparentemente nos demonstra mais fortes e menos sozinhos. Para talvez vivermos bem, livremente, com alegria e com uma saúde mental, antes de tudo, seria necessário vencer todo esse medo.

Tudo isso me fez lembrar um pouco, mesmo que não tenha relação alguma, com a tal moral racionalista tão descrita por Nietzsche. Substituindo a questão da ideologia de morte, e colocando a questão da moral racional, vemos que ela também nos prende, nos maltrata e nos condena. Acredito na filosofia como uma cura para todos esses pensamentos, você é induzido a por um ponto final em um padrão só e passa a enxergar com outros olhos, não de forma alienada, como e o quê fazer diante de cada situação. Há um trecho bem interessante no livro, no qual ele cita um poema intitulado "Sobre a Natureza das Coisas" de Lucrécio, discipulo de Epicuro:

"É preciso, antes de tudo, expulsar e destruir ese medo do Aqueronte [o rio dos infernos] que, penetrando até o fundo de nosso ser, envenena a vida humana, colore todas as coisas do negror da morte e não deixa subsistir nenhum prazer límpido e puro"

Esse trecho me faz lembrar o conceito nietzscheano sobre a moral racionalista:

A moral racionalista transformou tudo aquilo o que é natural nos seres humanos em vícios, culpas e deveres, massacrando de vez, tudo aquilo que consiste a natureza humana.

É bem interessante ler esses fragmentos. Mas uma grande diferença entre a quase analogia que fiz entre os dois trechos, é de que a moral racionalista, apesar de toda a sua alienação e pressão, é o que nos mantém numa ordem. Numa ética. Numa moral. Ética, moral? Essas duas palavras são sinônimas ou divergem-se? Achei um ponto muito itneressante no livro sobre a questão dessas suas palavras, mas isso deixarei para quem se interessar e não aprofundarei. Voltando a tal moral de Nietzsche: eu poderia muito bem justificar qualquer ato insano ou anti-ético através deste conceito. Eu poderia matar e roubar justificando que eu precisaria daquele dinheiro para comer ou para qualquer outra coisa, e precisei matar tal pessoa para que ela não me denunciasse e não me condenasse. E assim, essa moral, torna-se uma forma de opressão, mas uma forma também de organização.


Confesso que esse livro sempre fora para mim como um tapa na cara. Acredito que não só a mim, a qualquer pessoa que enxergue e tenha a certeza de que é sim esse eterno medo da morte constante das coisas que nos impede a viver bem. Ele aprofundou bastante a questão da divergência entre filosofia e religião nessa questão da vida maravilhosa, mas eu não quero aprofundar-me em palavras ainda. Como dito logo no começo, pouco comento sobre tal assunto. Quando o assunto é religião, prefiro aquela velha expressão "não sei o que dizer". Ainda estou em um processo de aprendizagem e de criação de meus próprios conceitos, assim como você ou outra pessoa pode estar.


Pois bem. Acho que por hoje chega. Preciso organizar-me mais. Acho que deu para perceber isso no texto, confesso que as idéias ficaram bagunçadas. Mas ultimamente minha cabeça anda um turbilhão de coisas...

Hejdå!

domingo, 10 de outubro de 2010

11:48

Por Luana Melo.

Quando não tenho um bom título para algum texto, em espaços vazios como esse na internet, costumo sempre a colocar o horário. Isso pode ser perfeitamente visto em todos os meus antigos blogs e livejournais, enfim.


Dizem que coisas acontecem na nossa vida para nos fazer crescer. Mesmo que seja um clichê, é a mais pura verdade. Clichês são de fato clichês. São pensamentos ou ações previsíveis dentro de um contexto, idéias relativas a coisas que se repetem com frequência. E se acontecem com tanta frequência, é um fato, é um ponto final, é um fim ou um re-começo.
Quando tem-se uma idéia de mundo completamente diferente da que se vive, é totalmente normal e aceitável a frustração e o ódio completo por tudo aquilo que te cerca. Já é um grande e eu até diria belo clichê meu reclamar e estar sempre contra tudo aquilo que me rodeia. Isso infere com toda razão o local aonde vivo e as pessoas que me cercam. Minha tão radical seletividade não é algo esnobe, é algo racional. É a mesma coisa em você saber aonde, quando, quem e o quê fazer. É você saber o que é certo diante de sua, apenas sua moral. O seu egoísmo é o que te move até a mim. O meu egoísmo é que te tira do meu caminho para que eu possa continuar. E se não fosse essa característica tão, como diria mais uma vez, bela talvez o mundo não seria o que ele é. Ele não se moveria e não viveríamos em uma constante e bela batalha à sobrevivência. O que cabe a mim, a você e a qualquer ser humano, é saber dosar e usar uma compaixão que deve ser mecânica e não forçada.
Aquela compaixão que aprendemos a ter no jardim de infância.

Mas não esquecendo que sem o seu e sem o meu egoísmo nem eu e nem você estaríamos aqui.